ILP é alternativa para se produzir em altas temperaturas
Integração Lavoura-Pecuária também recupera áreas degradadas e contribui com a geração de emprego e renda; modelo foi visualizado em dia de campo nesta sexta (8)
“Sistemas integrados: forma mais viável para controlar temperatura e manter o solo vegetado o ano todo”, diz João K. da Embrapa
Está calor! De acordo com os estudos feitos pela Nasa e pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, a temperatura média da superfície da Terra em 2018 foi a quarta mais alta em quase 140 anos, com um aumento de 0,83ºC em relação à média da temperatura entre 1951 e 1980. Já um estudo divulgado nesta quinta-feira (7) do Met Office – serviço meteorológico do governo britânico aponta que o período de 2014 até 2023 será a década mais quente no mundo nos 150 anos de dados da agência. Essas altas temperaturas também refletem na atividade agropecuária e uma saída viável são os sistemas de produção integrados. Nessa sexta (8), diversos produtores conheceram mais sobre a Integração Lavoura-Pecuária (ILP), no 1º Dia de Campo da Fazenda Santa Rita de Cássia, localizada em Presidente Bernardes (SP), promovido pela Associação Rede ILPF, em parceria com a Unoeste.
Os pecuaristas, agricultores, profissionais e acadêmicos presentes no evento participaram das estações Fazenda, Consórcio e Qualidade. A primeira apresentou dados sobre a ILP na propriedade; já segunda, abordou os sistemas e culturas alternativas para a ILP; enquanto a terceira teve por foco, as sementes forrageiras e os métodos de implantação da ILP.
“O nosso grande negócio é produzir protegendo o solo. À medida que você cria camadas de palha na superfície, você evita tanto a variação de temperatura como a perda de água, principalmente nos períodos sem chuva”, afirma o pesquisador da Embrapa João Kluthcouski. Precursor dos sistemas integrados no Brasil, atuando há 32 anos na área, ele revela que já existem no Brasil cerca de 15 milhões de hectares nos sistemas integrados. “A tendência é crescer cada vez mais e a nossa maior novidade é o oeste paulista, que possui uma grande extensão de solos arenosos, que estão se tornando produtivos e sustentáveis”.
O docente dos cursos de agrárias da Unoeste, Dr. Paulo Claudeir Gomes da Silva, acrescenta que a escassez hídrica e as altas temperaturas da região indicam a necessidade de trabalhar melhor o ambiente de solo bem como as culturas que serão adotadas em um sistema integrado. Durante a estação consórcio, aproveitou para apresentar alguns resultados alcançados, por meio do projeto Pequena Propriedade Produtiva Sustentável (PPPS), desenvolvido pela Unoeste.
Foto: Gabriela Oliveira
“Escassez hídrica e as altas temperaturas da região indicam necessidade de trabalhar melhor o solo”, afirma Silva, docente da Unoeste
Fábio Buchalla é pecuarista e conta que a família atua nesse ramo há 60 anos. Ele foi um dos participantes do 1º Dia de Campo ILP. “Estou aqui para aprender. Espero visualizar os benefícios desse sistema integrado para a Fazenda Santa Rita de Cássia, identificando os aspectos positivos e a viabilidade dessa prática”, diz.
Os irmãos Baptista são os anfitriões desse grande evento. O pecuarista Rômulo Neves Baptista Filho, comenta que há três anos aderiu à ILP. “Posso dizer que resistimos ao máximo para manter a pecuária raiz, mas chegou um momento que o custo operacional com o gado se tornou insustentável”, diz. Conta que, agora, a família também produz soja e milho. “Aproveitamos a fazenda em sua plenitude. Para se ter uma ideia, já economizamos mais de 10% nas despesas totais da propriedade”.
O diretor executivo da Associação Rede ILPF, William Marchió, destaca que os dias de campo mostram que é possível produzir e preservar. “Percorrendo o oeste paulista visualizamos extensas áreas de pastagens degradadas que não produzem quase nada ou muito pouco, além de animais em condições nutricionais deficitárias. O nosso intuito é fomentar a intensificação sustentável da agropecuária brasileira e o papel desses agentes regionais, como a Unoeste, são fundamentais”, encerra.
Lessandro Cavalli Menossi é gerente comercial das Sementes Soesp, que integra a Rede ILPF. Egresso da Unoeste, o engenheiro agrônomo pontua que a formação obtida na universidade foi primordial para a sua inserção no mercado. Há dez anos nessa empresa, ele coordena uma equipe de 15 agrônomos, sendo que, 13 são ex-alunos da universidade. “A instituição se destaca entre as demais, tanto pela formação que oferece, quanto pelo engajamento em ações voltadas ao homem do campo”.
Envolvimento acadêmico
De acordo com o docente dos cursos de agrárias da Unoeste, Neimar Rotta Nagano, toda a logística foi organizada pelos acadêmicos do 7º termo de Agronomia da Unoeste e integrantes da Agripec Júnior e do projeto PPPS. “Atividades como essa permitem que o aluno estenda o conhecimento que lhe é dado em sala de aula até os produtores. Outro ponto forte é o networking que o estudante faz com profissionais e empresas da área, estreitando laços para futuras oportunidades”.
Lucas Gabriel Alves Feitosa cursa o 4º termo de Agronomia. Apesar de ter nascido em Mirante do Paranapanema (SP), essa é a primeira semana de aula do estudante em Presidente Prudente (SP), pois ele veio transferido da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal (SP). “A distância de casa influenciou na minha vinda para cá. Assim que decidi meu retorno, não hesitei em optar pela Unoeste, pois tenho ótimas referências da universidade”. Sobre o seu primeiro dia de campo, ele avalia que essas ações são fundamentais na sua formação. “Transferir o embasamento que adquiro em sala para o campo é essencial, pois me oportuniza um contato mais próximo com o produtor e agrega informações importantes”.
Fonte: Inforex