Investimento de risco: Mercado Financeiro questiona o aumento das plataformas abertas dos bancos tradicionais
Bancos ingressaram na disputa pelos investidores criando sites de plataformas abertas para oferecer produtos de investimentos disponível sem a figura do agente autônomo, mas até que ponto essa tendência não pode representar um investimento de risco.
Visando ingressar na disputa pelos investidores, os bancos tradicionais começaram a criar plataformas abertas. O Itaú foi o pioneiro a abrir a prateleira do banco para produtos de terceiros na plataforma 360, voltada aos clientes do segmento Personnalité. E, foi além ao adquirir uma participação de 49,9% no capital da XP Investimentos, pela qual pagou R$ 6,3 bilhões.
O Bradesco contra-atacou e colocou no ar mais uma opção. Remodelou a corretora Ágora, que havia comprado em 2008, como plataforma de investimentos. Já o Santander foi o último dos três maiores bancos privados brasileiros a se posicionar nesse mercado ao lançar a plataforma a Pi, que promete devolver ao cliente os recursos que seriam destinados para remunerar o agente autônomo. Para isso, a ferramenta criou um sistema de acúmulo de pontos, parecido com os programas de milhagem de cartões de crédito e empresas aéreas, e que são revertidos em dinheiro na conta. Uma nova modalidade para captação de clientes para o banco.
Agora, a pergunta que não quer calar o mercado é até que ponto o investidor ganha ao perder um assessor de investimento?
Para o fundador da Lifetime que atua também como presidente da Associação Brasileira dos Agentes Autônomos de Investimentos, Marcello Popoff, realizar aplicações sem uma assessoria de investimentos pode não ser um bom negócio. “O investidor acaba aplicando o seu dinheiro sem conhecer o mercado financeiro, podendo obter assim muitos prejuízos em função da alta gama de produtos disponíveis”, afirma o executivo ao mencionar que o assessor de investimento é aquela pessoa que tem profundo conhecimento e experiência no mercado financeiro, aplica o teste de perfil do investidor, que poderá ser conservador, moderado ou agressivo para traçar um planejamento financeiro e auxiliá-lo nas conquistas dos objetivos em prazos determinados, melhorando, inclusive, o controle financeiro pessoal.
Apesar do Brasil registrar 3.7 trilhões de reais em volume total de capital de investidores brasileiros. 95% disso está investido através dos bancos e apenas 5% na indústria independente. O país já regista 4000 AAIs e mais de160 corretoras independentes. “Os números vem aumentando a cada mês, devido a oportunidade de mercado. Hoje apenas (5%) dos investidores brasileiros investem via assessorias, corretoras e asset management. Ainda faltam”(95%), explica Popoff, ao informar que apesar das novas ofertas das plataformas abertas, a carreira de assessores de investimentos estão em plana ascensão e que teve um aumento de mais de 100% em relação ao número de profissionais em 2015, quando eram pouco mais de 1500. Mas, para quem está pensando em ingressar na profissão do futuro, vai ter que investir em estudo e qualificação. Pois ser um assessor de investimentos é estar no topo da carreira em expertise financeira.
Diferente das plataformas abertas, o assessor de investimentos precisa passar na prova realizada pela Associação Nacional de Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord), aplicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), para depois solicitar o credenciamento na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Somente o exame da Ancord tem 80 questões objetivas de múltipla escolha, com quatro alternativas cada. Para ser aprovado, é necessário acertar 70% de toda a prova – ou seja, 56 respostas corretas – e no mínimo 50% das questões dos cinco tópicos principais. Com tanta qualificação, Poppof questiona que será que um simples aplicativo vai conseguir driblar a atuação das assessorias de investimentos que se especializaram em finanças, legislação, tributação, funcionamento e especificidades de cada produto, possibilidades de retorno e — muito importante — dos riscos envolvidos?
Outro ponto muito importante que diferencia as assessorias e a necessidade da figura do assessor de investimentos é a assertividade quando da alocação dos investimentos em função da metodologia que é aplicada para confecção da carteira do cliente, algo que não é realizado em plataformas online, pois depende de conhecimento técnico profundo e de uma série de dados e informações que nem sempre o investidor se sente confortável ao fazê-lo no ambiente online ou tem conhecimento para fazê-lo.
A metodologia busca entender não somente as aplicações que o investidor tem atualmente, mas conhecer seu perfil de investidor, seus anseios quanto a rentabilidade, quais seus objetivos a curto, médio e longo prazo, buscando assessorar o cliente para o crescimento do patrimônio, a conquista da aposentadoria com a manutenção do padrão de vida atual e outras informações essenciais para o completo serviço de investimentos de qualidade. Algo que somente o olho no olho consegue identificar e de forma a colocar o assessor na posição do cliente que está colocando nossas mãos da assessoria o patrimônio conquistado, muitas vezes, por uma vida inteira. Por tudo isso é que um assessor de investimentos tem uma certificação especial e muito mais difícil de ser alcançada nos órgãos oficiais para poder atuar, do que as certificações exigidas para os bancários atuarem.
“Ao não se entender o mercado das assessorias, nós com a ótica de consumidores podemos ser influenciados a manter os investimentos em outros players financeiros. Porém, um atendimento completo, especializado e efetivo de investimentos somente é prestado por uma assessoria”. comenta o fundador da lifetime, ao mencionar também que não é à toa que os mercados de assessorias americanos e europeus possuem respectivamente 95% e 80% de todos os investimentos. “Foi a transparência, a qualidade e obviamente uma melhor rentabilidade que fez com que os investidores americanos e europeus migrassem há anos dos bancos para as assessorias de investimentos”, enfatiza ao informar que o trabalho ainda está começando, mas como aconteceu em outros países do mundo, é inevitável a migração dos bancos para as assessorias. Até porque o modelo de negócio de um banco está em captar o dinheiro do investidor com uma baixa rentabilidade para poder emprestar para um cliente com uma taxa de empréstimo maior, na diferença é que o banco lucra.
Já o modelo de negócio das assessorias é pautado no ganho da carteira dos clientes com base na alocação de produtos, sendo assim, se o cliente não vê seu patrimônio aumentar além da inflação e com mecanismos de inteligência de impostos para maior rentabilidade, não permanece nas assessorias. É um modelo de negócio ganha-ganha contínuo e crescente ao longo do tempo.
Obviamente, para o pequeno investidor que está começando a investir e não tem acesso as assessorias de investimentos ou aos bancos com segmento private, as plataformas online sejam uma opção. Porém, ressaltamos a necessidade de conhecimentos básicos no tema, inclusive o de educação financeira tão necessária em nosso país, temos o tabu e o pré-conceito de que a disciplina da matemática é difícil, mas isso não é verdade, o que temos é deficiência no ensino da matemática, inclusive os Dados do Saeb 2017 do MEC, divulgado no ano passado, indicam que 7 de cada 10 alunos do ensino médio têm nível insuficiente em matemática. Saber lidar com números é de suma importância para o planejamento financeiro para a construção do patrimônio e para a gestão de investimentos.
Outro ponto importante que se deve observar é o cenário mercadológico de investimentos, recentemente foi falado em 1ª geração, 2ª geração e agora a 3ª geração. Precisamos ter cuidado, conhecimento e responsabilidade ao gerir os ativos dos clientes, e nesse sentido ter a ótica dos anseios dos clientes é muito importante, até porque quando se observa pela quantidade de pessoas que aplicam diretamente seus investimentos online, percebe-se que ainda é pequena, no nosso caso não passa de 5%, não por falta de acesso ou disponibilização de tecnologia, ferramentas e afins, mas pelo fato de ser necessário ter conhecimento para que a formação da carteira de investimentos ocorra com assertividade. E quanto maior o patrimônio do cliente maior a engenharia financeira necessária para o crescimento constante dos seus investimentos, e este tipo de serviço não é disponibilizado online, as grandes fortunas são administradas por boutiques de investimentos, como no caso os Assets Management.
Sobre Marcelo Popoff:
Atual presidente da Associação Brasileira dos Agentes Autônomos de Investimentos. Popoff graduou-se em Publicidade pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Iniciou sua atuação em 2008 no mercado financeiro no Lloyds Bank na Inglaterra e trabalhou como trader na mesa de operações da Gradual Corretora. Sócio fundador da Lifetime Investimentos, é Agente Autônomo de Investimentos certificado pela CVM e PQO BVM&F Bovespa.
Sobre Lifetime:
Criada em 2011, a Lifetime é uma empresa de agentes autônomos de investimento devidamente registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É top 5 das melhores assessorias da XP Investimentos, dentre os mais de 600 escritórios da maior corretora de valores da América Latina. Atua também como um dos poucos escritórios de assessoria de investimentos que possui uma área especializada em bolsa de valores, com um time focado exclusivamente neste tipo de investimento conjuntamente atendido pelo assessor de investimentos
A Lifetime hoje possui 60 assessores de investimentos, 4500 clientes, 1,7 bilhões de custódia e até 2020 estima 9.5 bilhões com valor de mercado acima dos 100 milhões de reais.
Fonte: Inforex