LOGÍSTICA

Bruxelas ferve, UE vacila e acordo com Mercosul fica para janeiro (se sair)

Muito barulho e pouca decisão. A reunião desta quinta-feira, 18 de dezembro, da Comissão Europeia, que deveria dar o aval para que sua presidente, Ursula von der Leyen, assinasse o acordo de livre comércio com o Mercosul, terminou sem acordo entre os países do bloco.

Von der Leyen deveria embarcar para o Brasil neste fim de semana, desembarcando em Foz do Iguaçu no sábado, 20 de dezembro, para um encontro com os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Mas a viagem deve ser cancelada e, na melhor das hipóteses, remarcada para janeiro.

]A reunião foi agendada justamente para servir de palco para a formalização do acordo, que vem sendo negociado entre os blocos há 25 anos e criaria um mercado integrado de 780 milhões de consumidores, que se beneficiariam com as reduções ou eliminação de tarifas de produtos como automóveis e máquinas europeias e agropecuários sul-americanos.

O prazo havia sido acertado entre as partes, assim como os líderes europeus havia alinhado o prazo de 18 de dezembro como o definitivo para alinharem seus interesses e aprovarem o acordo.

O tempo jogou contra, no entanto, e o que eles conseguiram foi ver a pressão aumentar, levando produtores rurais às ruas. Enquanto eles discutiam dentro da sede da Comissão Europeia, houve protestos, tratoraço e tumulto nas ruas de Bruxelas.

Com problemas políticos internos, quem mais trabalhou para barrar a aprovação foi Emannuel Macron, presidente da França. Nas últimas semanas, ele costurou apoios a sua tese de adiar a assinatura do acordo em busca de mais salvaguardas para os europeus diante da possibilidade de uma invasão dos produtos agropecuários vindos do Mercosul, bem mais baratos.

No início desta semana, numa tentativa de salvar as negociações, o Parlamento Europeu já havia votado a favor da inclusão de algumas dessas salvaguardas, mas elas não foram suficientes para desarmar a resistência dos agricultores locais.

Ao lado de Macron se posicionou a presidente da Itália, Georgia Meloni. Polônia e Áustria engrossaram o coro e, assim, a reunião do Conselho, ao invés de referendar a aprovação, terminou em impasse.

Do outro lado, países com peso no bloco ainda tentaram salvar o dia. O chanceler alemão Friedrich Merz foi o mais enfático. “Se a UE quiser manter a sua credibilidade na política comercial global, as decisões têm de ser tomadas agora”, disse no encontro.

Já o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que “seria muito frustrante se a Europa não conseguisse chegar a um acordo com o Mercosul, uma vez que já conseguimos aprovar no Parlamento Europeu as cláusulas de salvaguarda para o setor primário europeu e temos tudo preparado”.

No lado de cá do Atlântico, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva tentou uma cartada na véspera, dizendo que, se não fosse assinado agora, o acordo estaria encerrado.

Na quinta-feira, entretanto, ele já admitia a ideia de remarcar a assinatura para janeiro. Durante um encontro com jornalistas em Brasília, ele contou ter conversado por telefone com Georgia Meloni, de quem ouviu que a Itália poderia apoiar o acordo em janeiro.

“Ela me explicou que não é contra o acordo. Ela simplesmente enfrenta um certo constrangimento político por causa dos agricultores italianos”, afirmou Lula.

“Mas ela está confiante de que pode convencê-los a aceitar o acordo e que, se pudermos ter paciência por uma semana, 10 dias ou, no máximo, um mês, a Itália apoiará o acordo.”

Resumo

  • Comissão Europeia não obteve maioria para autorizar Ursula von der Leyen a vir ao Brasil e assinar o acordo com o Mercosul
  • França liderou a resistência, apoiada por Itália, Polônia e Áustria, sob pressão de agricultores contrários à abertura comercial
  • Assinatura pode ser retomada em janeiro, após novas negociações políticas e tentativa de destravar apoios no bloco europeu


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