Temporada do Araguaia tem mais atrações em Aragarças
Com 2.114 quilômetros, o Rio Araguaia é um dos destinos turísticos em julho.
Com 2.114 quilômetros, o Rio Araguaia é um dos destinos turísticos em julho. Diversos são os trechos para acolher os banhistas e, em um deles, a viagem pode ser recheada de muita aventura: a região de Aragarças, a 345 quilômetros de Goiânia, na divisa com o Mato Grosso. Além das praias, pôr-do-sol, passeio de barco da pesca, e do contato da natureza típicos, a região oferece mais atrações para quem escolhe o destino.
São dois rios – Araguaia e Garças – que se fundem na divisa de Aragarças com Pontal e Barra do Garças, tornando a região conhecida como Encontro das Águas. Juntas, as três cidades possuem praianas possuem cerca de 86 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e oferecem estrutura para o turista que não quer se isolar completamente.
Mas, para quem quer mudar totalmente a paisagem, o menu é diversificado. Na hora que a praia começar a ficar monótona, a poucos quilômetros o turista acessa o Parque Estadual da Serra Azul, a Serra do Roncador e a Serra do Taquaral, com grutas, cachoeiras e trilhas. Passeios de caiaque pelo Rio e atividades de pesca recreativa são também um prato cheio para quem gosta de aproveitar a natureza e veranear no Araguaia, apreciando a enorme biodiversidade da fauna e flora do rio e seus afluentes.
A contribuição da cultura indígena na região também chama atenção e atrai visitantes. A herança de comunidades indigenistas que já habitaram o local imprimem no local cores, pratos típicos e outros legados.
Outra atração inusitada é a possibilidade de desfrutar da exuberância e beleza do Rio Araguaia e ao mesmo tempo curtir a deliciosa sensação das águas quentes naturais, tal como em Caldas Novas. A cidade abriga o único ponto com praias de água doce da região do Vale do Araguaia e fontes de águas termais e medicinais.
– Água Santa:
A 22 quilômetros da cidade, está o Complexo Thermas Água Santa, com quase 84 alqueires de extensão, sendo quase três quilômetros de margem do Rio Araguaia. Mas, além disso, ela abriga também nascentes de água termal aflorando naturalmente a 39 graus celsius, com propriedades mineral e medicinal. Possui na sua composição química 0,18 mg/L de Fluoreto e a rara presença de 0,012 mg/L de Lítio em sua composição, elemento químico natural que traz vários benefícios ao organismo humano, em especial às funções ósseas e cerebrais.
Para receber os turistas, o complexo oferece um parque aquático com as águas termais e praia para day use ou hospedagem entremeado a muito verde, afinal são 28 alqueires só de preservação. Para esta temporada, inicia operações uma nova pousada para trazer conforto a quem curte e ecoturismo. São 11 quartos totalmente novos, com varanda privativa, incluindo duas suítes principais, de 35m² e 25m², dotadas de banheiras jacuzzi e camas kingsize, TV a cabo e wifi gratuito.
A hospedagem traz em sua decoração o amplo uso da madeira, pedras e objetos indígenas que dão um charme rústico aos ambientes, contraponto ao mobiliário e revestimentos contemporâneos. “Nossa intenção foi levar para os hóspedes uma experiência de conforto e proximidade com a natureza”, ressalta Leandro Daher, um dos sócios do empreendimento.
Chegando à pousada, o visitante terá à direita e a 50 passos de distância uma paradisíaca e exclusiva praia de areia branca e fina, cujas águas recebem visitas costumeiras dos botos, especialmente nos pontos onde já minas de águas termais que jorram diretamente no leito do Araguaia. Já à esquerda, também numa distância de 50 passos, está instalado um parque aquático que conta com poço e piscinas termais naturais adulto e infantil, balde aquático, cascata de 5 metros, quatro quiosques para churrasco e redário.
Para quem quiser ver toda a beleza do lugar do alto e fazer as mais belas fotos, uma passarela suspensa, com cerca de 42 metros de comprimento, dá acesso a um mirante a 12 metros de altura que oferece uma visão privilegiada para o Araguaia. Completam a estrutura do empreendimento turístico uma loja de conveniência chamada Tralha Boa e um restaurante com capacidade para 150 pessoas, especializado na gastronomia regional. Na praia, os visitantes podem curtir luaus, passeio de barco, caiaque, pescaria e outras aventuras no leito do rio.
O complexo também disponibiliza uma rampa de embarque e desembarque para barcos e canoas de pescadores e turistas que procuram a região pela alta frequência de peixes como pintado, fidalgo, curvina e espécies que servem como isca. E também abriga um condomínio horizontal de casas para veraneio.
– História e preservação:
A água termal na região do Encontro das Águas aflora em raros pontos, como é o caso do Complexo Thermas Água Santa, onde ocorre com alta vazão, chegando a 100.000 litros por hora com uma perfuração de apenas 17 metros. De acordo com o mestre em hidrogeologia Sebastião Peixoto Filho, a ocorrência se dá em razão das rochas porosas da região, que permitem que as águas de precipitação pluviométrica infiltrem a grandes profundidades, onde a temperatura é elevada.
“Uma parcela dessa água infiltra na região da Serra do Taquaral, situada em Barra do Garças (MT) e vai a grande profundidade, onde é aquecida. Como a água quente é menos densa, a água fria infiltrada desce nesse circuito praticamente pressionando a quente para cima. Então, a água quente vai aparecer nos pontos em que a topografia é mais baixa”, explica.
Um dos sócios do empreendimento turístico, o empresário Sérgio Ávila conta que a propriedade onde hoje funciona o Thermas Água Santa foi adquirida por seu pai, Tomás Procópio de Ávila, em 1974, inicialmente com sócios.
“Eles procuravam uma chácara de lazer quando encontraram esta oferta, que custava cerca de dez vezes mais do que as terras do entorno por causa das nascentes. Os antigos donos sabiam que tratava-se de algo de grande valor, mas não tinham intenção de investir em turismo”, relembra.
Ele também conta que, no local, já foi identificada a ocorrência de habitações de dois povos indígenas nos anos 1.200 e 1.400, segundo constatou o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). para quem as águas quentes eram consideradas sagradas. “Para os índios, as águas quentes eram sagradas e, na época da colonização, eles trouxeram os jesuítas aqui e lhes apresentaram a ‘água santa’. Essa história inspirou o nome da propriedade”, arremata.
O material encontrado pela prospecção arqueológica hoje está arquivado atualmente na Universidade Federal de Rondonópolis. Mas a intenção dos empreendedores é buscar parcerias e implantar um museu no complexo de turismo e lazer com objetivo de resgatar a cultura indígena e valorizar as potencialidades do Rio Araguaia.
– Outros passeios na região:– Parque Estadual Serra Azul
Com 11 mil hectares, o Parque Estadual da Serra Azul abriga 14 cachoeiras, dentre elas a da Usina e a Cachoeira Pé da Serra. Na área urbana de Barra do Garças, está o acesso ao parque, onde um Cristo Redentor é um um ponto de atração para os turistas que encaram seus 1200 degraus de acesso para avistar as três cidades que compõem a região do Encontro das Águas e a junção dos rios Araguaia e Garças. Fica a 37 quilômetros do Thermas Água Santa. Para os menos dispostos, a boa notícia é que, nessa temporada, o acesso por carro ao mirante será reaberto.
– Serra do Roncador:
De fácil acesso, saindo do Complexo Thermas Água Santa o visitante percorre aproximadamente 40 quilômetros até Barra do Garças, entrada oficial da Serra do Roncador. Formada por uma cadeia de montanhas que se estende por aproximadamente 800 quilômetros, entre Barra do Garças até a Serra do Cachimbo, na divisa com o Para, a Serra do Roncador, além de ser ideal para ecoturismo, com cachoeiras, sítios arqueológicos com milhares de anos, cavernas e grutas, é mundialmente conhecido como um santuário metafísico e espiritual. A Serra foi cenário da famosa expedição realizada pelos irmãos Villas-Boas e também do geógrafo inglês Percy Fawcett, que desapareceu misteriosamente em 1925, enquanto explorada a região.
Quem tiver apenas um dia para curtir ou preferir aproveitar as belezas locais de carro, é possível fazer o tour do roncador. O circuito de 200 quilômetros é um belo passeio pelos pontos mais famosos do Serrador, como o Bico da Serra, o Arco de Pedra, A Gruta da Estrela Azul, e o Vale do Silêncio. O pacote por pessoa é oferecido por R$135.
Os turistas mais animados podem se aventurar por três dias de caminhada dentro da Serra e percorrer uma trilha de quase 30 quilômetros, que começa pelo Complexo de Cachoeiras do Bateia e termina na Cachoeira Cristal. Os pacotes, a partir de R$850, oferece ao turista todo equipamento de camping, alimentação e demais itens necessários para a aventura ao longo de todos esses dias.
– Rafting e caiaque:
Para quem quer praticar rafting, um dos lugares mais exóticos do Estado está no município de Baliza, cidade goiana a 86 quilômetros do Thermas Água Santa, onde o leito do Rio Araguaia tem apenas quatro metros de largura. A expedição, garante Ralph Reis, diretor da Roncador Expedições, é garantia de muita adrenalina e exuberância. “Os passeios de rafting são muito contemplativos, o nível de exigência técnica para fazer a prática nessa altura do rio é baixa, então todos podem aproveitar para ver as belezas do Araguaia de perto. Há claro uma dose de emoção, mas os circuitos são relativamente serenos” pondera o empresário que trabalha como guia de turismo regional há 10 anos.
Os interessados podem optar por passar até dois dias remando em uma das regiões de Cânions mais importantes do Brasil, como é conhecida a cidade goiana de Baliza. O passeio de um dia, por pessoa, custa R$ 175 e pode durar até 10 horas, considerando todo o trajeto até a cidade e a trilha de acesso ao rio. Há também a opção completa: dois dias de raft e uma expedição de visitação até o Salto de Paraguassu, queda d’água de 90 metros, custa R$ 850 por pessoa.
Se o rafting parece muito radical, há possibilidades também de fazer passeios de caiaque pelas águas calmas do Araguaia. Saindo de dentro da praia exclusiva do Thermas Água Santa, é possível percorrer um circuito 30 quilômetros rio abaixo. O instrutor do passeio garante que a beleza e a tranquilidade do passeio afasta o medo de passar quase o dia todo dentro de uma pequena embarcação.
“O passeio é recomendado até para iniciantes, vamos fazendo paradas ao longo do percurso para tomar banho e não há grandes pontos de alta movimentação ou correnteza das águas, quem passeia pelo rio por meio do Rio, e não apenas o vendo de uma de suas margens, consegue compreender a grandiosidade da natureza aqui”, afirma Antônio Carlos, que desde 2009 acompanha os visitantes nessa aventura. Passar cerca de 6 horas a bordo do caiaque no rio custa R$ 120 por pessoa e é preciso formar um grupo de no mínimo 8 pessoas para fechar o pacote.
– Piranhas e Caiapônia:
Mais ao sul de Aragarças, duas cidades também fazem sucesso entre os amantes do ecoturismo. Piranhas, localizada a 110 quilômetros de Aragarças, e Caiapônia, à 180 quilômetros, também estão recheadas de quedas livres e sítios arqueológicos. Em Piranhas, o destaque são os 96 metros de altura da cachoeira de São Domingos, uma das mais famosas do Estado de Goiás. Quem chega em Caiapônia depara-se já na entrada com a impressionante vista do Morro do Gigante Adormecido, uma das diversas formações rochosas que formam o município. Graças a enorme variedade de quedas d’água e paredões, os dois municípios atraem entusiastas e praticantes de “cascating”, ou seja, rapel de cachoeira.
– Acesso a Aragarças:
O acesso principal de carro a Aragarças é pela GO 070, saída para Inhumas. Por quase a metade do caminho, até a Cidade de Goiás, a pista é duplicada. É possível ainda fazer o trajeto de ônibus através da Viação Empresa Moreira com saídas diárias de Goiânia às 6h e 10h. A companhia Azul Linhas Aéreas também possui voos diretos às terças, quintas e sábados de Goiânia para Barra do Garças (MT).
Fonte: Inforex